O texto do encarte fala por si:
TÚLIO FALCÃO “Electroacoustic Works & Electronics Improvisations 2005-2007”
Faixa 1 – deformação eletrônica, em tempo real, de uma composição de Thelmo Cristovam. Thelmo havia enviado esta pequena composição para mim e Lucas Alencar adicionarmos algo. “Agricultura em Crateras” saiu depois em uma coletânea, como composição do Hrönir. Esta versão surgiu enquanto eu estava testando um software e achei legal colocá-la como introdução deste disco. Ela não tem nada semelhante à versão do Hrönir.
Faixa 2 – homenagem ao compositor Pierre Schaeffer. Em minhas pesquisas, estudava um compositor em particular e seu modus operandis , depois colocando em prática os estudos. Foi feito no quarto da minha noiva (ainda não havíamos casado), onde utilizei sons concretos do ambiente: porta do quarto, ventilador, bolas de gude, panelas, água, copos, talheres etc. Tudo captado através de um microfone de contato. Todos os sons ouvidos na peça são concretos, tratados eletronicamente, com a exceção de uma parte rítmica no meio da peça, onde há uma improvisação com freqüências geradas do som das bolas de gude. Nem tudo é perfeito.
Faixa 3 – Homenagem ao escritor Campos de Carvalho. No disco “Marduk 6.66 Thz”, já havia feito uma homenagem a ele com a faixa intitulada “Vaca de Nariz Sutil”, nome de um dos seus livros. A composição é uma distribuição tautológica de trechos de 6 compassos feitos para piano, trompa, flauta e vibrafone. Cada trecho foi tratado de 6 formas diferentes. Depois, distribuí-los de forma que cada combinação gerasse efeitos diferentes. Como pano de fundo há uma improvisação feita com um radinho com Noise Gate. Para efeito de eixo simétrico, adicionei uma parte com handbells minimalistas. No final, os 6 compassos são tocados ao mesmo tempo. Poeticamente, seria como o escritor concatenando idéias para um livro futuro, conseguindo uma coesão no final da peça. Ah... a peça teve sua primeira audição durante o III ENCUN (Encontro de Compositores Universitários), realizado em Curitiba, no dia 19 de outubro de 2005 no Teatro do Museu Oscar Niemeyer, junto com outras peças acusmáticas dos compositores: Bertisollo, Fabbri, Herraiz, Porres, Del Nunzio, Guimarães e Mantovani.
Faixa 4 – Testando um software para live electronics. Pus um microfone de contato na boca e o mastiguei enquanto tratava os sons através do computador, gravando tudo em tempo real. Saiu isso aí.
Faixa 5 – O som dos grilos, na realidade, é uma improvisação feita com água dentro de uma panela com uma colher. Usei um sintetizador virtual para o pano de fundo sonoro. Simples como uma necessidade fisiológica.
Faixa 6 – Gostaria que Messiaen ouvisse esses passarinhos. Improvisação com sintetizador. Apenas querendo “desopilar” meus ouvidos com um bom e insano barulho.
Faixa 7 – Pode se chamar esta peça de concrete music. Feita exclusivamente com uma improvisação de 2 minutos no violino. Isso, todos os sons ouvidos são gerados pelo violino. Dizem que Júlio Verne, atualmente, opera uma torre de transmissão para transcomunicação em Marduk. Tudo haver, né?
Faixa 8 – Thelmo Cristovam tinha feito uma composição de aproximadamente 49 minutos e me pediu pra fazer algo “sinfônico”. Peguei um partiturador e comecei a trabalhar. Gostei tanto do resultado que resolvi colocá-lo no disco. Tente não se ater ao irritante som de tecladinho barato do partiturador e escute esta peça simples que... ME DEU UM TRABALHO DO CARALHO!
Faixa 9 – Colagem. Rádio, coral vagabundo de sintetizador, sons concretos, etc. Até hoje, não sei se foi uma boa idéia colocar “isso” no disco. Pense que é um bônus e vá fazer outra coisa. (Minha esposa, Elisangêla Falcão, participa com um trecho declamado em Mardukianês Arcaico. Acho que ela conseguirá me perdoar)
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www.badongo.com/file/11444757